outras criações de maio
um desenho feito num dia de sol
estive pensando em outros modos de mexer o corpo, usar as mãos
aqui neste momento
sinto resistência e antecipação, na forma de uma cabeça cheia de pensamentos e um corpo com sua sensibilidade em volume baixo, bem baixo.
hoje também há muito barulho do lado de fora, e uma resposta a todo esse excesso pode ser uma dura casca.
resistência e antecipação caminham no sentido oposto de estar aqui, no agora. como exercitar a presença?
tenho pensado em como um coração partido pode ser um coração aberto - receptor aguçado de percepções, sentimentos, sensações. pode até ser uma impossível ponte, porque todo mundo sofre.
acredito que também pode ser um mapa para me encontrar com o presente.
quando eu digo coração aberto quero dizer um ser inteiro atento e receptivo. um ser aberto para os sentimentos e sensações, aberto para sentir com o outro, sentir com o mundo.
encontro aqui a intenção de que o coração partido seja um mapa para conseguir me alçar do tédio, da estreiteza do olhar viciado e cotidiano, para reconhecer o que há de incrível e de absurdo em existirmos juntos aqui neste mundo, neste momento.
o coração, um mapa para aprender a reverência.
desejos e convites
praticar a reverência.
exercitar a atenção ao corpo.
buscar mais curiosidade que rigidez.
sempre cultivar os atributos da atenção e da honestidade.
uma prece para junho
relaxar como se o relaxamento fosse
uma possibilidade genuína
com destreza esculpir a alegria
mais simples e cotidiana
sentir na pele a carícia
da sua mão que desliza na folha
daquela planta
retornar ao presente como um gato
desenrola a coluna ao sol
sorrir antes do previsto
como um convite ao contentamento
insistir na fluidez até que ela seja
mansa certeza como a prece
que se repete e repete antes que haja
o desembaraço da fé